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  • Foto do escritorClínica Maiêutica

Professores e Depressão

Atualizado: 12 de mar. de 2019

Para início de conversa, sou professora e psicóloga clínica, o que me facilita transitar por esses dois universos. Não concordo com o discurso poético de que ser professor é um ato vocacional e inatista, pois percebo que muitos “se tornam” professores enquanto o são, no processo, mas sem dúvida, ser professor é uma escolha.


Em geral, as profissões que envolvem o atendimento direto ao público são mais exaustivas, em razão do estabelecimento simultâneo de relações e demandas subsequentes. Ao ofício docente acrescenta-se o compromisso de ensinar, de transformar, de apresentar resultados de aprendizagem e para tanto, o compromisso de convencer o outro a aprender. Isso sem contar toda a sorte de problemas de infraestrutura e condições materiais de trabalho.


Quando essa exaustão atinge níveis altos e constantes temos a instalação de quadros patológicos como a Síndrome de Burnout (Estresse Ocupacional), TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), Síndrome do Pânico e mais incisivamente, conforme os dados estatísticos, a Depressão.


No contexto contemporâneo, precisamos cuidar do professor, ele precisa ser ouvido, para que possa seguir ouvindo os que lhe procuram. Ouvido por seus gestores, por profissionais da saúde mental, por seus representantes políticos...


O professor escolheu ser professor e em geral, deseja permanecer professor, ele não quer mudar de profissão, ele quer mudar o entorno da profissão. E o que demonstra isso, foi uma pesquisa que participei em 2015, junto à Fundação Carlos Chagas.


Essa recente pesquisa objetivou identificar as motivações que levavam o professor a permanecer na profissão. Foram entrevistados 25 professores, do Ensino Fundamental II, com 5 a 10 de anos de exercício na profissão, da região metropolitana de São Paulo.

Os resultados da pesquisa evidenciaram que contrariando todos os fatores negativos do cenário da educação nacional: baixa remuneração, desvalorização social da profissão, desrespeito dos alunos, infraestrutura inadequada, baixa participação e apoio das famílias - a maioria dos participantes (84%) estava satisfeita com a profissão e pretendia permanecer na docência (92%).


As licenças saúde, conforme relatos de alguns professores, não são solução, mas contribuem para a sensação de derrotismo. O que o professor quer realmente é poder exercer sua profissão, exercer sua escolha.


Flávia Moreno é Doutora em Psicologia Educacional e Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. Especialista no método Rorschach pela Sociedade Brasileira de Rorschach e em Gestão Escolar pela Universidade Castelo Branco. Tem experiência na educação pública há 22 anos, no âmbito da docência e no âmbito da gestão. Atuou na formação de profissionais da educação infantil e do ensino fundamental por mais de dez anos, com temáticas variadas dos processos de ensino e de aprendizagem..


Acompanhe esta reportagem falando do tema:


https://www.youtube.com/watch?v=rfzNfWpUOI4



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