Desde a antiguidade, a trajetória do cavalo e sua estreita amizade com o homem é conhecida e descrita por personagens importantes na história da psicologia. Hipócrates em (460-377 A.C), no seu livro das Dietas, aconselhava a equitação para “regenerar a saúde e preservar o corpo humano de muitas doenças”. Parceiros na conquista de terras, travando batalhas, realizando tarefas na agricultura, e como meio de transporte e esporte, o cavalo tem atravessado gerações fazendo história.
Nos tempos atuais, a lida com o cavalo vai muito além disso, estudos comprovam efetivamente que o cavalo é um instrumento utilizado em práticas terapêuticas trazendo benefícios a saúde e educação.
Homens importantes como Freud, recomendava o cavalo para casos de histeria e insônia. Segundo ele, o movimento do cavalo se assemelha ao movimento do útero materno.
Para Jung, nossa relação com o mundo é por meio de símbolos e o cavalo por ser um dos arquétipos mais forte, transmite a pessoa que o monta, sensação de controle, domínio e poder.
Winnicott, médico pediatra e psicanalista infantil, descreve a relação do cavalo com o homem como sendo este, um objeto transicional facilitador de novas condições e de novas experiências na formação de vínculo.
A Equoterapia e a Equitação Terapêutica utilizam o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, na área da saúde, educação e equitação, visando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com ou sem deficiência.
Crianças com dificuldades de aprendizagem ou transtornos também podem e devem usufruir da terapia com cavalo. A melhora é rápida e significativa, pois os movimentos tridimensionais realizados num ritmo repetitivo e variável, produzem inúmeros estímulos sensoriais e neuromusculares, que intervêm diretamente no desenvolvimento global e na aquisição de habilidades motoras, com benefícios no domínio cognitivo, mental, social.
A equitação terapêutica é composta por uma equipe (psicopedagoga, guias de cavalo, o cliente e o instrutor de equitação), e é através dessa prática que muitas crianças deficientes ou não, e adultos experimentam pela primeira vez a sensação de independência.
Crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) tem significativa melhora na socialização, interação, noção temporal e espacial, linguagem, organização, diminuição da ansiedade, equilíbrio, coordenação motora e rotina, entre outros. Na verdade, a equitação terapêutica beneficia diversos casos: crianças com paralisia cerebral, síndrome de Down, atraso no desenvolvimento psicomotor, déficit de atenção, dificuldades de aprendizagem e fala, retardo mental, distrofias musculares e amputações.
Minha experiência com cavalos fez com que eu descobrisse uma força interior que eu não imaginava que pudesse ter. Quando chegamos na maturidade, inventamos todos os tipos de medos e nos escondemos, porque é doloroso enfrentá-los. Hoje sou capaz de enfrentar meus medos e a insegurança ao falar em público, por exemplo. Tímida, sempre me recolhi no silêncio, hoje, consigo lidar melhor com a minha insônia, sou mais resiliente e tolerante, não consigo imaginar viver sem praticar a equitação.
Eu indico para pessoas de todas as idades, desde o público jovem que atendo na Clínica Maiêutica, até pessoas mais velhas que desejam estar bem consigo mesmas, que possuam transtornos hormonais, emocionais ou simplesmente, porque querem conhecer o que essa prática terapêutica é capaz de fazer.
Autora: Deborah Leite
Psicopedagoga clínica e institucional
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